Voto (In)útil: O fantasma neoliberal brasileiro - por Breno Vellozo Frossard

 Voto Útil: O fantasma neoliberal brasileiro


Ao que indicam algumas mídias, o final da campanha do Partido dos Trabalhadores vai ser focada em tentar tirar votos de outros candidatos, especialmente Ciro Gomes, (1) em nome de uma derrota contra o fascismo e bolsonarismo. Vamos lá, faz anos que há essa narrativa petista de que "Votar em X, é colaborar com Y", e não, isso não se aplica apenas ao Bolsonaro. Em 1989, primeira eleição após a redemocratização do Brasil tinhamos alguns candidatos  do campo progressista disputando com o então líder das pesquisas, Fernando Collor (14%) (2). Os candidatos do campo progressista eram Brizola, em segundo (13%) e Lula (12%) em terceiro. Outras candidaturas as quais não encontrei dados, que eram do centro/centro-esquerda se destacavam e apareceriam na parte de cima do pleito, como a de Mário Covas, Ulysses Guimaraes, Roberto Freire e outros. As primeiras pesquisas que mostravam o fortalecimento de Brizola preocuparam muito a CIA, a qual tinha um medo de Leonel desde 1961, quando o mesmo liderou a campanha da legalidade para garantir a posse de João Goulart e impedir uma intervenção imperialista no Brasil. Preocupada com o voto em Brizola, algumas elites bancárias solicitaram ao escalão militar uma intervenção caso Brizola fosse eleito, que rejeitou, possivelmente por estar desgastada, então restou a essa elite recorrer ao governo de Ronald Reagan para que se observase uma possivel vitória de Brizola. O documento "Military Warnings" (3) e "Latin America Review" (4), da CIA, explicitavam a nescessidade de intervir caso Brizola se popularizasse, especialmente por sua visão sobre a divida externa e defesa da nacionalização do sistema financeiro e de empresaas. A partir disso o governo dos EUA iniciou uma campanha, junto ao mercado financeiro, para desidratar a campanha de Brizola, essa campanha era dividida em duas áreas, uma para reduzir o eleitorado de esquerda, para forçar o voto em uma opção mais moderada (Lula) e a para reforçar o eleitorado popular não ideológico ao voto no Collor. Para tirar o voto ideológico a esquerda, o argumento foi: "Brizola faz o jogo do Collor." e que "Brizola prefere Collor a Lula num segundo turno para ser mais facil de alcançar." (4). Como as pesquisas ja apontavam, Lula e Brizola estavam próximos, porém apenas Brizola vencia Collor no segundo turno, essa campanha suja da mídia e endossada por parte da esquerda colocou Lula no segundo turno, causando uma derrota humilhante e adiando a independência nacional em relação imperialismo. Acontece que o PT adorou a narrativa criada pelos EUA  e as repetiu em todos os anos posteriores usando contra Brizola, Ciro, Heloísa Helena, Marina e até então vem o repetindo contra Ciro, Léo Péricles, Sofia Manzano e diversos outros candidatos. O modus operandi é o seguinte: existe um candidato que representa a direita, a barbárie, chamemos ele de X. Um candidato, geralmente uma alternativa à esquerda, que não se subverteu ao petismo e ao neoliberalismo travestido de esquerda, chamemos de Y. E o outro candidato, o messias, sempre filiado ao PT, aparentando ter um projeto de esquerda mas que na prática possui um pacto com o sistema financeiro, chamemos de Z. O ataque sempre vem do candidato Z, alegando que o candidato Y faz o jogo do candidato X, e que somente o Z pode vencer X, pois o candidato Y supostamente colabora secretamente com a direita. Nos próximos dias a campanha por um voto útil no Lula vai se fortalecer, não se deixem enganar por uma narrativa inventada e investida pela CIA e pelo grande império para impedir o debate de temas que levam, inegavelmente a soberania total nacional. Pois existe um projeto, esse projeto perpetua o mesmo sistema econômico desde FHC, esse projeto tem apoio das candidaturas do Lula, do Bolsonaro e do sistema financeiro brasileiro. Nenhum desses candidatos se compromete a taxar grandes fortunas, a pôr fim ao tripé macroeconômico, nacionalizar empresas e investir no setor industrial, e os candidatos que defendem isso são impedidos de avançar na campanha, sempre são forçados a abrir mão para combater um mal maior, seja ele o Bolsonaro, o Serra ou até o Alckmin (que pasmém, hoje é vice de Lula). Por fim, rejeite a narrativa imperialista do voto útil, não votem em candidatos que manterão vivo o sistema imperialista sob o qual estamos submetidos, vote em candidaturas comprometidas com a abolição do sistema neoliberal. 


1- https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/lula-intensifica-busca-pelo-voto-util-para-tentar-vencer-no-1-o-turno-e-pt-ja-faz-criticas-a-ciro/amp/

2- www.metropoles.com/brasil/eleicoes-2022/veja-o-que-indicavam-as-pesquisas-a-6-meses-das-eleicoes-desde-1989%3famp

3- https://gauchazh.clicrbs.com.br/grupo-de-investigacao/amp/2017/02/cia-identificou-sinais-de-novo-golpe-militar-no-brasil-em-1988-9724280.html

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